(parte 14 da série As Faces da Ganância)
Nas últimas décadas – e mais exatamente desde o início da década de 80 – cada vez mais alertas têm sido emitidos por especialistas em educação familiar no sentido de que os pais tem sido cada vez mais ausentes na educação de seus filhos, e que tais ausências fatalmente acarretariam na depreciação de valores sociais.
Vários fatores contribuíram para esta situação, mas a situação parece estar chegando ao fundo do poço.
Em agosto de 2011, uma série de saques e atos de vandalismo varreu a Inglaterra, causando espanto não apenas no país mas em todo o mundo. Segundo noticiado, o estopim de tudo teria sido a morte de um rapaz negro em Tottenhan, mas as demais ações parecem não terem conexão com esta morte.
A mais triste representação destes conflitos, podemos dizer, foi a notícia divulgada pelo The Guardian da prisão da jovem Chelsea Ives, de 18 anos, escolhida para ser o “símbolo” da Olimpíada de 2012. Chelsea foi presa após saquear uma loja de celulares e ter atirado tijolos em um carro de polícia. E foi denunciada à polícia pelos próprios pais.
Estes atos tiveram início após comunicações trocadas via redes sociais, o que mostra como, de fato, não há controle do que os jovens pensam, lêem e escrevem na internet. Entretanto, mais do que esta falta de controle, o mais importante a ser percebido nesta questão é que parte dos problemas que decorrem da delinqüência juvenil pode ser atribuída também aos pais que não se preocupam com o diálogo, não estabelecem regras de conduta precisas, não acompanham o desenvolvimento de seus filhos e que não se esforçam em incutir valores morais sólidos, no ambiente familiar.
Omissões (ou erros) de criação como estes, ao longo do tempo, acabam fazendo com que os jovens se desenvolvam sem critérios de escolha socialmente adequados, o que os tornam presas fáceis para as manobras de massa, para o consumismo sem escrúpulos, e enfim, para o egoísmo absoluto.
A situação se complica ainda mais, no mundo de hoje, já que é enorme a dificuldade em se filtrar as comunicações e as informações acessíveis aos jovens via TV, celulares, internet e outras mídias. O governo pode buscar medidas de controle, mas é na família – e, portanto, em primeiro lugar pelos exemplos dos pais – que os valores fundamentais dos jovens devem ser criados.
Em suma, cabe aos pais – antes do governo, das escolas e das prisões – se conscientizarem desta necessidade, e dedicarem uma parcela maior de suas vidas à instrução dos seus filhos, caso contrário a ordem social só tenderá a ruir ainda mais…